sexta-feira, 24 de abril de 2009

Este é o meu 1º contributo ao projecto "a terra mexe", não tem explicações filosóficas, cheias de intenção, muito menos a pretenção de educar e mudar a precepção humana para as artes visuais (tretas), fi-lo apenas e só, porque posso. Esta saudavél e inspiradora liberdade de ter um desejo e executá-lo, tão bom, não é? Não, as cuecas encarnadas ás bolas, não trazem subjacente nenhuma mensagem oculta cheia de significado. Afinal é apenas um trapezista de cuecas.

E foi no local escolhido para pôr o AVELINO, que o próprio foi batizado. Este senhor, juntou-se aos demais a partilhar recordações com mais de 20 anos, recordações que apesar de separados pelas gerações e da distância geográfica a que nos encontravamos (*), partilhamos. Ainda por cima uma lembrança que me é tão querida, os Avelinos. Familia de tapezistas e corajosos homens e mulheres do arame, sem rede, itenerantes, que apresentavam umas arrojadas e arrepiantes idas e vindas num cabo a uma distância absurda do solo de terra batida, expostos a todas as as condições climáticas, longe do conforto das salas de espetáculo ou das divertidas e acolhedoras tendas de circo, a troco daquilo que a assistência podia ou achava que mereciam receber, e este pagamento, tanto quanto me lembro, cabía todo num pequeno chapéu que circulava entre as gentes de pescoço dolorido de observar a geitosa Paulina, os grandes, talentosos e mais uma vez, corajosos, AVELINOS.
Pois que assim seja, que este trabalho que aqui apresento fique em jeito de homenagem, a um elo que sem que soubesse me ligou à terra que escolhi como minha. A terra que não me viu começar a "mexer", mas que sem dúvida me garantiu a liberdade para o fazer. E a terra mexe...

*(nasci e vivi em Setúbal até aos 18, altura em que tive a muito feliz ideia de me mudar para cá.)

Um comentário:

ÉSSE PÊ disse...

Gostei de saber dos Avelinos, pensei que seriam muito anteriores à tua jovem pessoa.
Bela homenagem.
SP